O episódio de agressões por parte de torcedores da Ponte Preta a profissionais de veículos de comunicação foi um dos temas abordados durante o ‘Quatro em campo’, da CBN, na noite dessa segunda, 29. Para o comentarista Paulo Massini, os jornalistas devem se recusar a ir ao estádio do clube sediado em Campinas (SP). “Está na hora de vocês da imprensa dizerem: ‘ponto final. Moisés Lucarelli, chega, basta. Acabou, não vou mais lá’”.
Da mesma forma, Marcos Guiotti enfatizou que ações criminosas cometidas em estádio de futebol devem ser julgadas com base na legislação. “Não dá para aceitar que um grupo de marginais se oponha ao que está escrito na Constituição, dando direito de tudo mundo ir ao estádio, de sentar, de ficar tranquilo, de deixar os jornalistas trabalharem”. Ele questionou as autoridades: “vão esperar alguém morrer lá? Em um tumulto, sai todo mundo correndo, morrem 300 pisoteados e vira comoção nacional”.
Torcedores fizeram gestos obscenos para cinegrafistas durante partida contra
Complementando a provocação feita por Guiotti, o coordenador de esporte da emissora em Sâo Paulo, André Sanches, afirmou que o Brasil “é o país da boate Kiss”, referindo-se à tragédia de Santa Maria (RS). O jornalista ressaltou que o episódio de domingo, 28, durante a semifinal do Campeonato Paulista, não foi o primeiro do tipo. “Objetos foram atirados em direção às posições das emissoras de São Paulo. Isso é infelizmente muito comum lá. Funcionários [de veículos de comunicação] foram agredidos, carros foram apedrejados, repórteres também sofreram com objetos que foram arremessados, isso na chegada. A chegada é sempre muito tensa”.
Apresentador do ‘Quatro em Campo’, Carlos Eduardo Eboli ressaltou que parte da torcida do clube de Campinas considera que a imprensa menospreza e persegue o time. “A torcida não pode generalizar. Os outros não podem pagar pelo que alguns falam. Se alguns integrantes da imprensa menosprezam, é problema desses alguns. Mesmo assim, nada justifica a ação violenta, a intimidação, que foi o que mais uma vez a gente presenciou no jogo entre Corinthians e Ponte Preta”.
Reproduzindo declaração do presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo Del Nero, os jornalistas da CBN criticaram o posicionamento e a forma de punição aos torcedores. “O senhor é de uma ineficiência brutal. Ele ainda está achando que proibir o sujeito de entrar com a camisa no estádio vai coibir a violência”, lamentou Massini.
Episódio deixou 14 feridos
A torcida começou a se manifestar após o primeiro gol do Corinthians, marcado por Romarinho. No intervalo, quando o placar apontava 2 a 0 para o Timão, torcedores da Ponte intensificaram xingamentos e brigaram com a Polícia Militar. O episódio deixou 14 feridos, oito homens, entre eles um idoso, e seis mulheres. De acordo com a Folha de S. Paulo, o sistema de som do estádio pedia calma e alertava sobre a existência de câmeras de segurança, porém os anúncios foram ignorados por torcedores, que trocavam socos e pontapés com as autoridades. A Ponte Preta perdeu de 4 a 0, e parte da renda do jogo foi roubada do estádio Moisés Lucarelli durante a madrugada de segunda-feira, 29.
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