O tribunal de Primeira Instância de La Paz, capital da Bolívia, condenou Jeanine Añez, ex-presidente do país, a 10 anos de prisão. Ela sucedeu Evo Morales no cargo depois que ele renunciou à presidência em 2019.
Atualmente, a Bolívia é governada por Luis Alberto Arce. Ele foi eleito presidente com o apoio de Morales nas eleições do país em outubro de 2020.
Añez foi empossada de modo interino em 12 de novembro, dois dias depois da renúncia de Morales. Na época, ela era segunda vice-presidente do Senado. O tribunal considerou que a política violou deveres e tomou resoluções contrárias à Constituição do país quando assumiu a presidência. A corte determinou que a sentença seja cumprida na prisão de Miraflores, onde a Añez está detida preventivamente há mais de um ano.
Na justiça, o processo recebeu o nome de Golpe de Estado II. O ex-comandante das Forças Armadas, Williams Kaliman, e o ex-comandante da polícia, Yuri Calderón, cujo paradeiro é desconhecido, também foram condenados com penas de 10 anos.
Recurso internacional
Carolina Ribera e José Armando Ribera Áñez, filhos de Áñez, anunciaram que vão recorrer à Corte Interamericana de Direitos Humanos. Eles alegam que a ex-presidente é uma presa política.
“Nunca vamos abandonar minha mãe, ela fez a coisa certa, minha mãe é prisioneira política”, declarou. “Sabemos que esse julgamento foi totalmente injusto, houve muitas irregularidades, todos os direitos da minha mãe foram violados. Então, vamos pela rota internacional e lá encontraremos justiça.”
De acordo com Carolina, “na arena internacional não há mais partidos políticos, não há mais interferência política, não há mais vingança, não há mais amiguinhos que dão ordens”. Segundo o El Deber, jornal boliviano, ela afirmou que “várias irregularidades” e “violações de direitos humanos” foram cometidas no julgamento.
Morales quer mais anos de prisão
O ex-presidente Morales considerou a sentença “branda”. “Apesar das mentiras, chicanas e até mesmo ações para dizer que ela estava doente ou prestes a morrer, a justiça decidiu que Añez e seus cúmplices agrediram o poder com um golpe”, publicou no Twitter.
Jorge Richter, porta-voz do governo da Bolívia, declarou que a condenação da ex-presidente é só o “primeiro passo”.
“Para nós, é um evento histórico porque sustenta e fortalece nossa democracia, e porque abre caminho para uma resolução justa do que aconteceu em 2019 e também com o tempo permitirá o fechamento institucional disso”, disse Richter à Rádio Deber, emissora local. O porta-voz insistiu que a sentença de 10 anos “é o primeiro passo” no que os apoiadores de Morales chamam de busca por justiça para o “golpe de Estado”.
LÍder do Psol apoia prisão
Ivan Valente, um dos líderes o Psol, postou um tweet dando apoio à prisão de Jeanine Áñez e ameaçando o presidente Jair Bolsonaro com o mesmo destino:
A Bolívia dá o exemplo e condena Jeanine Áñez à prisão por tramar golpe. É o que destino que cabe ao golpista Jair Messias Bolsonaro.
— Ivan Valente (@IvanValente) June 11, 2022
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