[Editada por: Marcelo Negreiros]
Duas reportagens de Levy Teles, neste Estadão, deram conta dos embalos de quarta à noite na Brasília delirante. A elite política bebendo destilados à larga no dia em que o País tomara ciência do golpe bilionário ao INSS.
Hugo Motta abriu as portas para reunir Lula e os líderes partidários, servidos vinhos de mais de R$ 1 mil e a cafonice (gostosa) da moda, uísque japonês. Isso, madrugada de quinta adentro. Convescote em cujos barris se pactuaria o anunciado pela manhã: empurrada para frente – pelas panças fermentadas – a análise do requerimento de urgência do Projeto de Lei da Anistia.
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro com líderes de partidos da Câmara dos Deputados Foto: Ricardo Stuckert/PR
Projeto delirante da anistia, pela impunidade a Bolsonaro, agenda única da oposição – mesmo ante a descoberta, pelo Brasil do mundo real, do assalto a aposentados e pensionistas. O líder do PL não esteve no jantar para Lula. Foi ao festão de Marcos Pereira, o presidente do Republicanos. E soltou o verbo, sabedor do que se brindava na residência oficial da presidência da Câmara.
Soltou o verbo para ameaçar Motta; aquele que, tendo prometido tudo a todo mundo, afinal trairia alguém. Em política, traição quase sempre faz aparecer o podre. E Sóstenes Cavalcante, o traído, apontou contra aquilo que dá estabilidade ao arranjo de poder no Parlamento e equilíbrio (precário) à relação entre Congresso e Planalto.
Declarou que, se o projeto não for a plenário, romperá o acordo pela distribuição de emendas parlamentares entre lideranças partidárias – a admissão de que a dinâmica do orçamento secreto se desenvolve sob parasitagem das emendas de comissão. A turma criou informalmente, sob a fachada das comissões temáticas, a emenda de líder partidário e definiu a regra do ratatá. Sóstenes informou que poderá monopolizar o controle de quase R$ 7 bilhões – uma maneira de “estabelecer um limite”.
Informou também que compreende Motta, o sem limite, como sob gestão de Ciro Nogueira, a quem foi pedir providências de modo a que a anistia entrasse na pauta da Câmara. O senador “respondeu dizendo que conversaria com Hugo para que desse uma data”. O líder do PL aproveitou para consultá-lo sobre se o deputado Glauber Braga seria cassado. “O piauiense assentiu com a cabeça”.
O poder do senador é incontroverso. Duvidoso será apontar quem, entre Hugo Motta e Luís Roberto Barroso, ora desfrutaria mais dos prazeres do poder. Viajaram juntos, aliás, para o funeral do Papa, de carona com Lula – comitiva a que se somaria Alcolumbre, depois de haver nomeado o novo juscelino nas Comunicações.
Na festa do deputado Marcos Pereira, que tem foro no STF, o presidente do Supremo – abraçado ao anfitrião – fez dueto com um cantor sertanejo. No dia em que revelado o roubo aos nossos mais velhos, levaram o clássico “Tocando em frente”. Depois de haver derrotado o bolsonarismo, Barroso agora desafia a canção popular.
[Por: Estadão Conteúdo]
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