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Como a peste bubônica pode influenciar na saúde dos europeus hoje

No fim da Idade Média, uma pandemia matou dezenas de milhões de pessoas. A doença da vez era a peste bubônica, uma febre infecciosa causada pela bactéria Yersinia pestis e transmitida de roedores para humanos pela picada de pulgas infectadas. Foi um estrago e tanto: dizimou de 30% a 50% da população da Eurásia.

Nessa história, os protagonistas não são só os infectados e os médicos da peste, com suas máscaras de bico longo. É também a seleção natural. Um novo estudo afirma que algumas variantes genéticas tornaram as pessoas mais resistentes à peste – e, por isso, foram transmitidas às gerações seguintes. Mas isso veio com um preço.

Pessoas que herdam tais variantes genéticas teriam um risco maior de sofrer com doenças autoimunes – aquelas em que o sistema imunológico não funciona como esperado e ataca o próprio organismo do qual faz parte. Esta é a hipótese do estudo recém-publicado na revista Nature.

Como foi o estudo

Uma equipe de 30 cientistas está por trás desses resultados. Quem coordenou e supervisionou o trabalho de todo mundo foram os pesquisadores Hendrik Poinar, do Instituto Canadense de Pesquisa Avançada, e Luis Barreiro, da Universidade de Chicago (Estados Unidos).

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Para investigar o impacto da peste bubônica na evolução humana, eles extraíram e analisaram material genético de 318 esqueletos enterrados em cemitérios de Londres (Inglaterra). Eles eram de pessoas que viveram por lá entre o ano 1000 e 1500 – e incluíam 42 vítimas da peste bubônica.

A ideia era comparar o material genético de pessoas que viveram antes e depois do período em que a peste bubônica atingiu a Europa (entre 1347 e 1351, aproximadamente). Eles fizeram o mesmo experimento na Dinamarca, analisando o DNA de 198 esqueletos de pessoas que viveram entre 850 e 1800.

O que se descobriu?

Os cientistas descobriram que, após a peste bubônica, um monte de mutações em genes relacionados ao sistema imune se espalharam rapidamente. Mais rápido do que se espalhariam quaisquer mutações genéticas ao acaso, sem contribuições à sobrevivência – um processo chamado deriva genética. (Ainda estamos evoluindo? Entenda nesta matéria da Super.)

Comparando as amostras inglesas e dinamarquesas, a equipe descobriu quatro mutações genéticas em comum – que devem ter aumentado a chance das pessoas sobreviverem à peste na Idade Média. Uma versão de um gene chamado ERAP2, por exemplo, aumentaria essa chance em 40%.

Essa versão produz uma proteína relacionada à resposta do sistema imune a bactérias e vírus invasores. Embora ajude no combate à Yersinia pesti, como os cientistas verificaram, essa versão também aumentaria o risco de alguém sofrer com a doença de Crohn – nesse caso, o ERAP2 desencadearia uma defesa do organismo contra bactérias inocentes que vivem no intestino humano, causando uma inflamação.

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