O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, disse que o documento do Partido Liberal (PL) sobre as urnas é “uma mentira que descamba para a má-fé”. O texto da legenda, a qual o presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), está vinculado, possui informações do próprio TCU e argumenta que encontrou falhas nas urnas eletrônicas.
Conforme o presidente do Tribunal, as informações utilizadas pela sigla não se referem às urnas, mas a um relatório e autoavaliação amplo que o órgão aplica a outras instituições públicas com diversos objetivos.
“O mesmo questionário é distribuído desde o Incra até o Ibama”, explicou Dantas. “Aquilo é uma pesquisa de autoavaliação com um quesito sobre sistemas eletrônicos, mas não é o da urna. Pode ser de almoxarifado, de RH. Pegar esta autoavaliação e dizer que o TCU afirmou que o TSE não está aderente às normas internacionais, além de ser mentira, descamba para má-fé.”
O documento do PL, divulgado na quarta-feira 28, informa supostas falhas no sistema eleitoral brasileiro. Ontem, em resposta à sigla, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirmou que o texto possui conclusões falsas e mentirosas e abriu uma investigação sobre o material. Segundo a Corte Eleitoral, o partido do presidente da República atenta contra o Estado Democrático.
O relatório encomendado pelo PL identificou 24 itens como falhas, relacionados à Governança e Gestão de Segurança e de Tecnologia da Informação e à falta de uma assinatura eletrônica qualificada, entre outros. O documento tem 130 páginas, mas possui um resumo de duas páginas.
A auditoria do PL ainda destacou que encontrou um “quadro de atraso” no TSE no que tange à segurança de informação. Além disso, segundo a sigla, a situação gera “vulnerabilidades relevantes”, podendo resultar em uma “invasão” nos sistemas eleitorais.
No entanto, Dantas destacou que as urnas são auditáveis e que todas as etapas são seguras. “Uma casa de auditores, como no caso do TCU, não se pronuncia com base em fé ou esperança”, disse. “Se pronuncia com base em evidências e todas as que colhemos afirmaram que as urnas são auditáveis e confiáveis em todas as etapas. Quem está dizendo isso não é a opinião de um ministro, são auditores que obedecem a padrões internacionais de auditoria.”
Dantas também comentou sobre a contagem de votos das Forças Armadas; eles já afirmaram que pretendem fazer uma checagem própria da apuração em tempo real. “Caso isso ocorra, quem for fazer, tem de contar como vai fazer”, explicou. “Uma contagem paralela faz pouco sentido, porque o Brasil tem mais de 500 mil urnas. Quem se propuser a contar paralelamente precisa contar em todas as urnas como vai fazer. Não adianta escolher cem e achar que aquilo é representativo do universo total.”
Ontem, o TSE deu 24 horas para que Valdemar Costa Neto, presidente do PL, se pronunciasse sobre o documento em relação às urnas. Na quinta-feira 30, uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo informou que o partido pagou pelo menos R$ 225 mil ao Instituto Voto Legal, responsável pela elaboração do relatório sobre as urnas do PL. Na quarta-feira, durante uma visita ao TSE, o presidente da sigla disse que não existe uma “sala secreta” na Corte Eleitoral para a apuração de votos.
Descubra mais sobre
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.