Dono de um sorriso largo e muitas histórias, algumas inacreditáveis, Luiz Carlos Novaes, mais conhecido como Tigrão, estréia o espaço de entrevistas doblog Cinegrafistas. Atualmente, Tigrão trabalha na TV Globo em New York, depois de uma jornada de muita batalha e persistência.
Como iniciou sua carreira?
Comecei trabalhando em São Paulo no laboratório de revelação de filmes do departamento de jornalismo da TV Globo. Nessa época, ainda se usava filmes coloridos e PB. Como meu sonho era ser assistente de cinegrafista, comecei a sair para externa nos meus dias de folga. Depois de quase seis meses fazendo essa dupla jornada, apareceu a tão esperada vaga de assistente, no turno da noite, para a equipe do Jornal Hoje. Lembro dos repórteres Gloriete Treviso e Lázaro de Oliveira, além do meu mestre por muito tempo, o Aloísio Araújo, um repórter cinematográfico de primeiríssima linha. Na nova função, era minha responsabilidade deixar tudo em ordem para o cinegrafista, desde a colocação de filmes no magazine, a iluminação que seria usada na reportagem, as latas de filmes reserva chamadas de pontas de filme.
Comecei trabalhando em São Paulo no laboratório de revelação de filmes do departamento de jornalismo da TV Globo. Nessa época, ainda se usava filmes coloridos e PB. Como meu sonho era ser assistente de cinegrafista, comecei a sair para externa nos meus dias de folga. Depois de quase seis meses fazendo essa dupla jornada, apareceu a tão esperada vaga de assistente, no turno da noite, para a equipe do Jornal Hoje. Lembro dos repórteres Gloriete Treviso e Lázaro de Oliveira, além do meu mestre por muito tempo, o Aloísio Araújo, um repórter cinematográfico de primeiríssima linha. Na nova função, era minha responsabilidade deixar tudo em ordem para o cinegrafista, desde a colocação de filmes no magazine, a iluminação que seria usada na reportagem, as latas de filmes reserva chamadas de pontas de filme.
. Como era fazer TV naquela época?
Repórter acertava de primeira, até porque não podia se dar ao luxo de regravar as passagens. As entrevistas eram bem enxutas, resumidas e a gravação só acontecia quando o repórter tinha certeza de como a matéria seria conduzida. Depois, quando comecei a viajar pelo Brasil, dependendo da urgência, eu mandava a lata de filme lacrada através de um passageiro desconhecido. Fazíamos a abordagem, pegávamos o nome e telefone e o motoqueiro da emissora aguardava a pessoa no aeroporto para pegar as latas.
Repórter acertava de primeira, até porque não podia se dar ao luxo de regravar as passagens. As entrevistas eram bem enxutas, resumidas e a gravação só acontecia quando o repórter tinha certeza de como a matéria seria conduzida. Depois, quando comecei a viajar pelo Brasil, dependendo da urgência, eu mandava a lata de filme lacrada através de um passageiro desconhecido. Fazíamos a abordagem, pegávamos o nome e telefone e o motoqueiro da emissora aguardava a pessoa no aeroporto para pegar as latas.
. E quais as diferenças entre ser cinegrafista no Brasil e nos Estados Unidos?
Saí do Brasil muito jovem e, evidentemente, senti na pele a responsabilidade e a pressão de trabalhar em outro país. Trabalhei inclusive na CBS americana. Acho que a diferença, para se ter uma idéia, é que o cinegrafista faz todo o trabalho pesado aqui nos Estados Unidos. Nas emissoras americanas não existe assistente e, sendo assim, você se encarrega de fazer o áudio, a luz, filmar e até mesmo dividir a direção do carro com o repórter.
Saí do Brasil muito jovem e, evidentemente, senti na pele a responsabilidade e a pressão de trabalhar em outro país. Trabalhei inclusive na CBS americana. Acho que a diferença, para se ter uma idéia, é que o cinegrafista faz todo o trabalho pesado aqui nos Estados Unidos. Nas emissoras americanas não existe assistente e, sendo assim, você se encarrega de fazer o áudio, a luz, filmar e até mesmo dividir a direção do carro com o repórter.
. Há quanto tempo você está nos Estados Unidos?
Dessa vez já se passaram dez anos. Digo isso porque já morei aqui e em outros países, mas tenho orgulho de fazer parte desse grupo seleto de cinegrafistas correspondentes mundo afora.
Dessa vez já se passaram dez anos. Digo isso porque já morei aqui e em outros países, mas tenho orgulho de fazer parte desse grupo seleto de cinegrafistas correspondentes mundo afora.
. Que matéria marcou mais sua vida?
Apesar de ter rodado o mundo, a matéria que mais traz lembranças é uma que fiz para o Aqui e Agora do SBT. Estávamos, eu e o repórter Sérgio Frias, fazendo uma reportagem sobre uma explosão provocada por um vazamento de gás que matou quatro pessoas soterradas. Lembro dos bombeiros resgatando uma menina de aproximadamente 3 anos de idade. Ela ainda respirava, mas não resistiu aos ferimentos e acabou falecendo ali mesmo, na nossa frente, sem que pudéssemos fazer nada. E ficou aquela sensação de impotência. Apesar da profissão exigir que sejamos frios e que tenhamos controle das emoções, em alguns momentos é difícil segurar a barra.
Apesar de ter rodado o mundo, a matéria que mais traz lembranças é uma que fiz para o Aqui e Agora do SBT. Estávamos, eu e o repórter Sérgio Frias, fazendo uma reportagem sobre uma explosão provocada por um vazamento de gás que matou quatro pessoas soterradas. Lembro dos bombeiros resgatando uma menina de aproximadamente 3 anos de idade. Ela ainda respirava, mas não resistiu aos ferimentos e acabou falecendo ali mesmo, na nossa frente, sem que pudéssemos fazer nada. E ficou aquela sensação de impotência. Apesar da profissão exigir que sejamos frios e que tenhamos controle das emoções, em alguns momentos é difícil segurar a barra.
. O que é uma boa imagem?
A boa imagens, no jornalismo, é aquela em que você está na hora certa no momento certo. É aquele conjunto de coisas que acontecem em um momento único. Nessa hora, temos que fazer a diferença. Afinal, “não se pode pedir ao Papa para beijar a mesma criança mais que uma vez”.
A boa imagens, no jornalismo, é aquela em que você está na hora certa no momento certo. É aquele conjunto de coisas que acontecem em um momento único. Nessa hora, temos que fazer a diferença. Afinal, “não se pode pedir ao Papa para beijar a mesma criança mais que uma vez”.
. Se não fosse cinegrafista, qual profissão escolheria?
Tenho absoluta certeza que se eu não fosse cinegrafista seria piloto de helicóptero. Afinal, uma das coisas que faz a diferença nessa profissão é a adrenalina.
Tenho absoluta certeza que se eu não fosse cinegrafista seria piloto de helicóptero. Afinal, uma das coisas que faz a diferença nessa profissão é a adrenalina.
Tigrão fez questão de aproveitar a entrevista para deixar um agradecimento aos amigos e um abraço aos colegas de profissão mundo afora. Luiz Carlos Novaes tem ainda uma história inacreditável, do dia em que esteve no David Letterman, ao vivo. Quem conta é o seu xará, Luiz Carlos Azenha.
Foto: arquivo pessoal
Na foto, Luiz Carlos Novaes está com o repórter Rodrigo Bocardi.
Na foto, Luiz Carlos Novaes está com o repórter Rodrigo Bocardi.
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