Pedro Vasconcelos, que permaneceu na TV Globo por trinta anos, trabalhando como diretor e também como ator, teceu uma série de críticas à emissora dos Marinho.
Veja mais: Nívea Stelmann acusa Record de calote: “Cadê meu dinheiro?”
Ele lamentou que o canal, em vez de investir mais em entendimento televisivo, decidiu focar, ao seu ver, apenas em desenvolvimento tecnológico.
“Atores maravilhosos, textos maravilhosos e diretores maravilhosos: isso é a base de conteúdo, que faz qualquer empresa de dramaturgia dar certo. Pode ser no teatro, no cinema, na televisão. Infelizmente, a televisão foi abrindo mão desse entendimento e investindo única e exclusivamente no desenvolvimento tecnológico, um desenvolvimento muito subjetivo para o espectador“, opinou em entrevista à “Veja“.
“Ele tem que existir, mas não é o que conecta uma história ao espectador. Não é o que faz as massas pararem para assistir a um capítulo do dia seguinte. O capítulo do dia seguinte só é assistido se a pessoa acompanha uma grande história, interpretada por grandes atores, dirigida por grandes diretores“, pontuou.
Na ocasião, o ex-diretor comparou a TV com a internet.
“É da internet que vai nascer o próximo grande movimento. A TV é a rádio do futuro. Como vou competir com milhões de pessoas que são capazes de produzir todo tipo de conteúdo possível? Não tenho a menor dúvida, é uma batalha inglória para a televisão. Ela vai manter se viva, até porque o rádio também existe ainda hoje. Mas sua importância cai muito à medida que podemos fazer todo tipo de conteúdo televisivo via internet“, comentou.
Veja também: No Dia Mundial do Refugiado, Record News lança projeto multiplataforma “Recomeços”
Pedro Vasconcelos, que deixou a Globo em 2021, comentou ainda o tema “inclusão” e disse que atualmente as obras vem tratando essa questão de forma forçada.
“Como faço para abordar a questão da homossexualidade, drogas, entre outros, de forma que a família não se sinta agredida? Quero que entendam que todos merecem ser tratadas com amor e respeito. Como faço para que aquelas pessoas que não foram incluídas na representatividade das obras de dramaturgia possam estar agora incluídas, mas de forma que a maior parte que está assistindo à televisão fale: ‘uau, que lindo, que legal’?! A inclusão precisa potencializar a obra de dramaturgia. Não a inclusão forçada, que está acontecendo muito hoje em dia“, completou.
Por fim, ele criticou a posição política da emissora e afirmou que o ideal era o canal não defender nenhum lado político.
“A Globo está trabalhando mais a favor do governo que aí está [do Lula]. É óbvio que ela criou uma briga desnecessária e contraproducente ao governo antecedente [do Bolsonaro]. É óbvio que ela está apoiando o governo atual, claro… O problema é que é uma empresa de comunicação, tem que se comunicar com todo mundo, não pode. A Globo sempre teve tendência de apoio a determinado governo. Todo mundo sabe disso. Houve um pedido de desculpas do [William] Bonner, durante o Jornal Nacional, a respeito dos cortes no debate entre Lula e Collor [na eleição de 1989]“, relembrou.
Descubra mais sobre
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.