O protesto que aconteceu no Rio de Janeiro contra a Copa do Mundo no domingo, 13, totalizou 14 agressões contra profissionais da imprensa, sendo que todas as ocorrências foram de autoria da polícia, de acordo com dados da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). A respeito dos que ficaram feridos, imagens em vídeo mostram o momento em que um cinegrafista canadense leva um chute no rosto, e fotografias registraram quando o repórter do Terra recebeu golpes de cassetete.
Publicado no YouTube pelo jornal A Nova Democracia, o vídeo de dois minutos revela o momento em que o cinegrafista Jason O’Hara cai no chão enquanto um grupo de policiais passa por perto. Um dos PMs chuta o rosto e o equipamento do profissional, que fica sem entender a atitude. Pelo menos cinco militares acompanharam a ação do agressor e continuaram andando. O filme tem um corte, mostra alguém sendo socorrido e, depois, um homem, identificado como Jay, dizendo que teve sua câmera GoPro roubada pelas autoridades. “Fui roubado por policiais. Eles estão aqui para me proteger, mas me roubaram”, disse.
Repórter fotográfico do Portal Terra, Mauro Pimentel conseguiu registrar quando PMs lançaram golpes com cassetete. Ele foi atingido por três policiais no rosto e na perna. Em entrevista ao G1, ele contou o que aconteceu. “Eles gritaram: ‘para trás, para trás’, começaram a bater e jogaram o spray de pimenta. Só que eu estava de máscara e continuei fotografando. Foi quando um cara [PM] me deu um chute na perna esquerda. Outro policial me segurou e me empurrou para trás. Só vi o cassetete no meu rosto. O filtro quebrou e a máscara trincou, mas segurou bem a pancada. Se estivesse sem aquela máscara fechada e o capacete estaria, no mínimo, com o nariz quebrado”. Pimentel informou que estava identificado como imprensa, usando capacete com adesivo do Portal Terra e crachá. “Não tinha como fazer confusão”, garantiu.
Repórter do Terra fez foto quando foi agredido por PMs (Imagem: Mauro Pimentel)
Em comunicado, a Abraji cobrou investigação. “Os casos evidenciam o uso desproporcional de força por parte da polícia durante manifestações e o desrespeito ao direito fundamental da liberdade de expressão. Agressões deliberadas contra comunicadores configuram atos diretos de censura e não podem ser tolerados. A Abraji insta as autoridades responsáveis a apurar e punir com rigor os autores desse tipo de violação, sejam agentes de segurança ou manifestantes”. O levantamento da Abraji com a relação de violência contra a imprensa entre maio de 2013 até julho de 2014 pode ser visto neste link.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro condenou as agressões e afirmou que “o Estado brasileiro e o governo estadual do Rio de Janeiro ignoraram direitos individuais e coletivos de brasileiros e visitantes, assim como cassaram a liberdade de expressão e a de imprensa”. “Tais práticas de Estado caracterizam grave ofensa a nossa categoria e prejudicam a sociedade como um todo. Sem o respeito ao direito à informação, não há garantia de liberdade ou de democracia”, explicou a entidade em texto.
Fonte: Comunique-se
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