Segundo o médico residente em pneumologia na Universidade de Brasília (UnB), Ygor Negreiros, todos os anos, principalmente no período do outono e inverno, os casos de bronquiolite respiratório tem um aumento significativo em sua prevalência, afetando a população pediátrica de modo mais importante.

A bronquiolite respiratória consiste em uma síndrome respiratoria que gera inflamação nos bronquíolos terminais, ou seja, nas últimas ramificações da árvore respiratória. Como consequência pode gerar aumento de secreção, tosse, desconforto respiratório, chiado, entre outros sintomas.

É causada por vírus, sendo o principal deles o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), podendo também ter como etiologia os vírus parainfluenza, adenovirus, mycoplasma pneumoniae, rinovirus, chlamdydia pneumoniae e coronavirus.

As crianças até quatro anos são as mais afetadas, tendo um pico de incidência entre aquelas até os 12 meses de idade. Os quadros mais graves costumam ocorrer nas faixas etárias entre um e dois anos de idade, aumentando as internações substancialmente nessa faixa.

Dr. Ygor esclarece:

Por que as crianças são as mais afetadas?
Dois são os principais pontos para responder essa questão. As crianças são mais expostas e tem uma tendencia de levar a mão a boca com frequência, sendo esse o principal vetor de propagação da doença. O outro ponto é que, diferente de outros órgãos, o pulmão só está completamente maduro em fases mais tardias da primeira infância, logo sendo mais exposto a esse tipo de infecção.

A doença é grave?
A doença na grande maioria dos casos tem uma evolução autolimitada, ou seja, sem necessidade de grandes intervenções médicas. Possui uma taxa de mortalidade baixa, de menos de 1%. Porém, existe um perfil de alto risco, que pode evoluir de forma mais grave precisando de intervenções médicas e/ou hospitalização, como os prematuros, portadores de cardiopatias, pneumopatias, imunocomprometidos, desnutridos, entre outros. Nestes grupos a doença inicia com sintomas de infecções virais de vias aéreas superiores, como obstrução nasal, coriza, febre, que progridem em quatro a seis dias para sintomas pulmonares, como dispneia, chiado e desconforto respiratório.

Por que tem ocorrido tantas internações?
Os virus são microorganismos capazes de se adaptar ao ambiente e desenvolver mecanismos de resistência, ou seja, são seres mutáveis. Dessa maneira, a cada ano, as cepas dos vírus causadores de bronquiolite podem se comportar de maneira diferente a do ano anterior, podendo ser mais agressivas, como a deste ano. A do ano de 2023 aumentou a incidência de internações, porém a incidência de mortalidade permanece constante, de 1% de mortalidade na população pediátrica em geral e até 30% naquelas de alto risco.

Como prevenir?
O que a pandemia da covid19 ensinou bem a população foi como tomar medidas para conter a propagação do vírus, e isso se aplica aos demais. Desse modo, a higiene das mãos deve ser uma medida adotada, assim como o bom-senso de evitar enviar as crianças escolas quando estas estão com manifestações gripais.

Segundo um importante estudo desenvolvido pelo centro de dados Cochrane (Physical interventions to interrupt or reduce the spread of respiratory viruses, 2023), as máscaras parecem ter um papel pouco relevante na redução da transmissão das infecções virais, tendo como fator mais importante a higiene das mãos.

Para Dra. Luiza Betânea M. de Souza, se faz necessário cuidados como mudanças repentinas de temperaturas, evitar tomar líquido muito gelado, cuidados com a higiene, evitar aglomerações e se proteger de pessoas gripadas que falam muito próximas das outras e tomar bastante líquido.

Dr. Ygor Negreiros
Médico especialista em Clínica Médica pela UFPB
Médico residente do último ano de Pneumologia pela UNB

By Marcelo Negreiros

Jornalista militando na profissão desde 1985, trabalhando nas TVs Paraíba e Cabo Branco, afiliadas Rede Globo na Paraíba, durante 15 anos. Diplomado em 2001 pelas Faculdades Integradas de Patos.

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