Repercutiu negativamente no seio da sociedade patoense e, até mesmo de eleitores seus mais apaixonados, a notícia dada pela prefeita eleita Francisca Mota, de que aproveitará secretários da administração atual em seu próximo governo.
Participante indireta da administração de Nabor Wanderley, a quem apoiou decididamente em duas eleições, Francisca sabe perfeitamente, que o insucesso das duas gestões, se deve, exclusivamente, à má gerência dos recursos e do ordenamento profissional na execução dos projetos e obras que foram anunciadas com estardalhaços e que estão aí, muitas delas apenas pela metade e outras nem isso.
Tivesse Nabor continuado com o secretariado que iniciou seus mandatos em 2005 os resultados, naturalmente hoje, seriam muito diferentes dos que se apresentam. O insucesso administrativo, que fatalmente será creditado a ele, cremos, não teria ocorrido, na hipótese de que, pessoas qualificadas espalhadas pelos diversos setores, tivessem sido preservadas. Trocaram-se técnicos consagrados, como Geraldo Medeiros, Adalmi, Jucélio Moura, Arnon Medeiros e outros do mesmo naipe, por correligionários sem a mínima qualificação profissional, salvando-se, somente, alguns poucos, na maioria dos casos, apenas bem intencionados. Mas, como diz o velho ditado, “de bem intencionados o inferno está cheio”.
Para que uma administração alcance o êxito que se espera, é preciso que dela faça parte gente que agregue no currículo alguns predicados, dentre estes honestidade, disposição para o trabalho e, sobretudo, competência. Sempre que se quis premiar apenas correligionários e parentes em cargos de confiança, o resultado é o que vemos agora. Nabor termina melancolicamente o seu segundo mandato, sem deixar absolutamente nada que possa eternizar a sua administração, se igualando, digamos, com gestões pífias, como a de Ivânio Ramalho, por exemplo. Recuperou praças, asfaltou algumas ruas, calçou outras tantas, tirou o lixo, repôs lâmpadas, tapou buracos, desentupiu esgotos, construiu alguns postos sem médicos, ajudou dona Dilma a trazer o SAMU, pagou funcionários em dia, enfim, apenas o trivial, ou seja, atendeu às necessidades mínimas e básicas da população, e só. Nenhuma obra de vulto, as ditas estruturantes, serão terminadas até dezembro. Estão aí para provar o que afirmamos as duas UPAs, o Canal do Frango, a Alça Sudoeste, as “Academias” das Praças Cícero Gonçalves, na Maternidade, e Alcides Carneiro, no Belo Horizonte, além de uma quase dezena de postos médicos espalhados pela periferia da cidade. Por falta de competência administrativa, também não saíram do papel o Teatro Municipal, o Cemitério do Morro, o Canal do Noé Trajano, as arquibancadas do Zé Cavalcante, o Terreiro do Forró, o Aterro Sanitário, o Centro de Zoonose, o Centro Administrativo e outros projetos devidamente anunciados como meta de governo, alguns, até, com liberação de recursos propagada. Claro, que não são somente os secretários os responsáveis pelo fracasso; outros fatores também contribuíram para que a derrocada ocorresse, no entanto, tivesse Nabor uma equipe de governo compatível com a grandeza de Patos, muita coisa teria sido evitada, principalmente o desgaste por que passa sua quase finda administração e sua própria imagem.
Ao anunciar que aproveitará auxiliares de Nabor em sua futura administração a nossa futura prefeita – em quem depositamos a mais irrestrita confiança, pelo currículo que apresenta em toda uma existência calcada nos princípios da honradez e decência -, nos deixa com “uma pulga atrás da orelha”. Sabemos que para se ganhar uma eleição difícil como a que enfrentou, muitas promessas foram feitas e muitos compromissos assumidos. O que todos os patoenses esperam, inclusive a grande maioria daqueles que sufragaram seu nome, é que tais promessas e tais compromissos, não incluam o principal item de sua futura administração, que é a total isenção para a escolha de seus auxiliares mais imediatos. A estes pode ser dado o direito de serem parentes ou correligionários, mas lhes é vedado, pelo bem da cidade e pelo futuro da próxima gestão, o descompromisso com a competência, a honestidade e a ética. O mau exemplo ai está, não é recomendável segui-lo.
Na verdade, a prefeita Francisca recebe, de cara, uma herança que não desejava receber. Antes de iniciar seus próprios projetos, tem que terminar, Deus sabe como, as obras que estão pela metade, ou apenas em começo. Para tanto, precisa equacionar projetos, analisar custos já efetuados, enfim, fazer uma completa análise e uma radiografia, de como a coisa se apresenta, para que depois não venha pagar por mercadoria que não comprou. E, para que isso seja feito, necessitará de uma equipe técnica de reconhecida competência e descompromissada com o passado recente.
Se de fato forem mantidos nos cargos auxiliares que trazem vícios de oito anos de uma administração não muito recomendável, virá à tona aquele velho adágio certa vez citado pelo nosso inesquecível prefeito Zé Cavalcante: “muda-se a cangalha, mas o burro continuará o mesmo”.
José Augusto Longo na coluna do patosonline
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