NA ESTREIA DA TURNÊ MAYHEM BALL, LADY GAGA …

O aguardado retorno de Lady Gaga aos palcos ganhou forma na última terça-feira (16), quando a cantora estreou sua nova turnê mundial, a “Mayhem Ball Tour”, com um espetáculo imersivo no T-Mobile Arena, em Las Vegas. Com ingressos esgotados e mais de 20 mil espectadores, o show rapidamente se tornou um dos assuntos mais comentados da semana nas redes sociais e na imprensa especializada.

A apresentação marca a primeira turnê de Gaga em mais de cinco anos e já é considerada por críticos como uma de suas performances mais ambiciosas e impactantes desde a lendária “Monster Ball”.

Um espetáculo multissensorial

Dividido em cinco atos dramáticos e um encore, o show trouxe 27 músicas, combinando os novos hits do álbum Mayhem com clássicos de todas as fases da carreira. A cantora abriu a noite emergindo do chão em meio a um deserto cenográfico, numa sequência que remetia ao renascimento simbólico da “Mistress of Mayhem” — um alter ego que representa o lado mais sombrio e performático da artista.

Com coreografias intensas, figurinos experimentais e projeções visuais que fundem estética cyberpunk, barroca e pós-apocalíptica, Gaga entregou um espetáculo que, nas palavras do New York Post, “poderia facilmente ser descrito como uma fusão de ópera industrial com performance art em escala de estádio”.

Destaques da produção incluíram uma gôndola flutuante no ar, uma instalação robótica em forma de coração e um solo a cappella em “Angel Down” cantado sobre um chão repleto de espelhos quebrados.

Setlist equilibrado e reinvenção de clássicos

Entre as faixas presentes, estavam grandes sucessos como:

  • Poker Face (com arranjo de synth minimalista e vocais desacelerados)
  • Bad Romance (mantida fiel à versão original, com explosões de pirotecnia)
  • Shallow (executada em um piano transparente com projeções holográficas)
  • Just Dance e Rain on Me, que incendiaram a plateia com versões remixadas
  • E as novas faixas do álbum Mayhem, como Disease, Zombieboy, Blood Moon e Dead Love Club, esta última apontada por críticos como a “nova ‘Telephone'”

Segundo o The Daily Beast, Gaga utilizou a turnê como uma “curadoria audiovisual de sua própria trajetória artística”, atualizando antigos sucessos com novos significados visuais e sonoros.

Moda, política e manifesto

Como já é sua marca, Gaga usou o palco também como plataforma de ativismo. Ao longo da noite, fez discursos em defesa dos direitos LGBTQIA+, da liberdade artística e da saúde mental. Em “Free Woman”, imagens de manifestações históricas tomaram o telão, e o nome de vítimas da violência policial nos EUA apareceu em sequência durante a performance de “911”.

No que chamou de “o ato do espelho social”, Gaga desfilou com uma capa de couro estampada com frases como “My body, my mind, my rules” e “We were born this way”, reafirmando seu compromisso com as pautas de diversidade e equidade.

O visual da turnê também foi pensado como extensão dessa narrativa: roupas de estilistas como Iris van Herpen, Rick Owens e Mugler criaram uma estética de transgressão visual entre o biotecnológico e o espiritual.

A maior turnê de sua carreira

Com mais de 60 datas confirmadas até o momento, passando por América do Norte, Europa, Ásia e Oceania, a Mayhem Ball Tour é oficialmente a maior turnê mundial da carreira de Lady Gaga. O faturamento esperado ultrapassa US$ 125 milhões, segundo projeções da Billboard.

Além de shows adicionais em cidades como Nova York, Londres, Tóquio, Milão e São Paulo (com rumores ainda não confirmados), a produção também prepara gravação de um especial audiovisual que deve ser lançado em plataforma de streaming em 2026.

Repercussão entre fãs e crítica

A estreia foi recebida com entusiasmo unânime. No Rolling Stone, o jornalista Simon Vozick-Levinson classificou o show como “um híbrido entre arte e espetáculo pop no seu estado mais puro”. Já no Variety, o destaque foi para a “coragem estética” e a “clareza artística em meio ao caos”, comparando Gaga a figuras como Bowie e Madonna em seus momentos mais ousados.

Nas redes, fãs criaram as hashtags #GagaReturns, #MayhemBallTour e #MistressOfMayhem, que ficaram entre os assuntos mais comentados do X (ex-Twitter) e TikTok em vários países nas 24 horas seguintes à estreia.

Editorial: a viagem dos fãs com uma multiartista em seu próprio multiviverso

Poucas artistas contemporâneas construíram ao longo da carreira um universo sonoro e visual tão coeso, provocativo e original quanto o de Gaga. E o que se viu no palco em Las Vegas não foi uma mera retrospectiva — foi um mergulho. Uma jornada íntima e coletiva em que o cenário, as coreografias, os figurinos e os silêncios servem como passagens entre mundos internos e externos.

Cada música, reformulada ou reafirmada, parece atravessar portais simbólicos. Entre o delírio performático de “Bad Romance” e a introspecção sussurrada de “Angel Down”, Gaga transita entre suas várias personas: a popstar enigmática, a ativista, a atriz premiada, a performer que não tem medo de colapsar — ou se reinventar — diante do próprio público.

Mais do que interagir com elementos cenográficos, o espetáculo interage com a identidade múltipla da própria artista, que se expande em diferentes direções e propósitos, e ainda assim permanece singular. Esse é o “multiverso” de Gaga: não apenas um lugar de fantasia, mas um campo de reconciliação estética e emocional, em que passado, presente e projeção futura convivem sem contradição.

Para o público, a experiência é igualmente transformadora. O show não é algo a ser apenas assistido, mas sentido, absorvido e decifrado em camadas. Gaga constrói espaços — físicos e afetivos — onde seus fãs não são apenas espectadores, mas personagens dentro de um mundo possível que ela mesma desenha e oferece.

No fim das contas, é sobre autonomia artística, radicalidade visual e generosidade emocional. Lady Gaga segue demonstrando que a cultura pop, quando tratada com seriedade e invenção, ainda pode ser um território fértil para o novo, o estranho, o belo — e o verdadeiro.

E sua nova turnê não é apenas um espetáculo: é um convite para entrar — e não sair mais — do universo que só ela sabe habitar com tanta lucidez.

[Antena 1]

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