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Nova praga “importada” devasta lavouras no Brasil, 30 anos após chegada do bicudo do algodoeiro

Lagarta ataca milho, soja, algodão e outras culturas


Reportagem: Levy Soares

 

A lagarta Helicoverpa armigera, identificada neste mês por pesquisadores da Embrapa como a praga que está destruindo grandes plantações na região do Cerrado, pode causar prejuízos mais devastadores do que o bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis  Boheman), introduzido no Brasil em 1983. Enquanto o bicudo ataca exclusivamente o algodão, a nova praga “importada” já provoca perdas elevadas nas lavouras de algodão, milho e soja, e se alastra pelos estados  de Mato Grosso, Goiás, Paraná, São Paulo e Oeste da Bahia. Há registros ainda de ataques significativos em lavouras de feijão, sorgo e milheto. 

Estimativas feitas por empresas privadas de consultoria indicam que, só no Oeste da Bahia, os custos totais para controle da lagarta chegam a R$ 500 milhões.
Em entrevista ao portal VIDAsapiens, o entomologista Carlos Alberto Domingues da Silva, chefe de pesquisa da Embrapa Algodão, informou que esta é a primeira vez que se registra a presença da Helicoverpa armigera no continente americano. Originária da África, a lagarta ocorre na Ásia, Europa e Oceania. (clic para ver trecho da entrevista)
Embora só tenha sido identificada há menos de 15 dias, os pesquisadores estimam que a nova praga foi introduzida há pelo menos dois anos.  No início de 2013, foram relatados ataques intensos, mas eram atribuídos à Helicoverpa zea, conhecida praga do milho.


Da mesma forma que aconteceu quando o “bicudo do algodoeiro” surgiu no Brasil, a entrada da Helicoverpa armigera tem levantado suspeita de que foi introduzida criminosamente para frear o avanço da produção agrícola brasileira. Há, também, a hipótese de ter sido causada por falhas na fiscalização de importação de produtos agrícolas.


Para o chefe de pesquisa da Embrapa Algodão, existe muita especulação e não é possível afirmar como essa praga exótica veio parar no Brasil. Mas Carlos Domingues reconhece que, “à medida que o Brasil vai se tornando uma potência em algumas commodities agrícolas, a concorrência fica mais acirrada e há risco de o país se tornar alvo de alguma “maldade” para debilitar nossa capacidade de produção”. 


Hoje, o Brasil é o quinto maior produtor mundial de algodão em pluma e detém o quarto maior parque produtivo de confecção. A área cultivada chega a 1,4 milhão de hectares, com produção de 5 milhões de toneladas. Foi uma recuperação expressiva do setor, após o abalo sofrido a partir de 1983, com a introdução da praga do bicudo. Milhões  de hectares da cultura foram destruídos e o país passou a importar algodão. Agora, a ameaça parece ser ainda pior.
O pesquisador Carlos Domingues admite que a confirmação da nova praga terá implicações na comercialização. “É possível que surjam barreiras sanitárias para os nossos produtos, especialmente nas exportações para os Estados Unidos”, alerta Carlos Domingues.

Desequilíbrio ecológico – De acordo com o chefe de pesquisa da Embrapa Algodão, o surgimento dessa nova praga é ainda mais grave porque o sistema de cultivo nas regiões atingidas já está debilitado e mal planejado pelos produtores empresariais.  Dá como exemplo o Oeste da Bahia, um dos maiores produtores brasileiros de algodão, soja e milho, onde muitas pragas que só atingiam a soja ou o milho agora também atacam o algodão, como Helicoverpa zea e Spodoptera frugiperda (pragas do milho) e Pseudoplusia includens (da soja). “Há relatos de que os produtores chegam a fazer 25 pulverizações com agrotóxicos em cada uma dessas 
culturas, quando não deveriam passar de 10 ou 12 por safra”, revela o pesquisador.

Além disso, ele aponta como problema grave o cultivo durante o ano todo, sem observação do período de “vazio sanitário”, um intervalo de três a quatro meses entre um cultivo e outro.
“Sem esse intervalo, sempre tem alimento para a praga. Ao longo dos anos, isso se agrava”, explica.
“A região está totalmente desequilibrada. A tendência é piorar. Qualquer medida de controle será paliativa. A primeira coisa a fazer é reequilibrar o sistema, para depois fazer o manejo integrado de pragas, para cada cultura”, explica Carlos Domingues.
Plano emergencial – Na próxima semana, a Embrapa entregará ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento um plano emergencial para enfrentar a nova praga.
Por meio de Instrução Normativa, o ministério autorizou a “importação e aplicação de produtos agrotóxicos, registrados em outros países, que tenham como ingrediente ativo único a substância benzoato de emamectina, com o intuito de conter a praga quarentenária A-1 Helicoverpa armigera”.
Ainda de acordo com o documento, os produtos importados serão aplicados sob controle da autoridade fitossanitária estadual e supervisão da Secretaria de Defesa Agropecuária.
VIDAsapiens.com.br

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1 comentário em “Nova praga “importada” devasta lavouras no Brasil, 30 anos após chegada do bicudo do algodoeiro”

  1. Heloisa Helena Figueiredo

    De fato, a Helicoverpa armigera chegou trazendo grandes preocupações ao sistema de defesa agropecuário do país, à pesquisa e, principalmente, aos produtores rurais.
    Por se tratar de uma praga polífaga, atacando várias culturas (soja, algodão, milho, tomate, dentre outras) de grande expressão na agricultura brasileira, as medidas para seu controle precisam ser definidas.
    É hora de testarmos a capacidade do serviço de defesa agropecuária, em conjunto com a pesquisa em oferecer as soluções à medida que a situação pede: urgência!!

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