O Instituto Geral de Perícias (IGP) entregou nesta quarta-feira, 8, à Polícia Civil do Rio Grande do Sul, o laudo de leitura labial que investigou o caso de uma suposta injúria racial cometida pelo lateral-direito Rafael Ramos, do Corinthians, contra o meio-campista Edenílson, do Internacional. O documento concluiu que não foi possível identificar o que foi dito por Rafael Ramos ao rival durante a partida no último dia 14 de maio. Edenílson mantém sua versão apresentada de que teria sido chamado de “macaco”.
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Para a elaboração do documento de 40 páginas, foram analisados quatro vídeos do momento em que ocorreu o episódio no estádio Beira-Rio. Uma das imagens foi selecionada e dela foram extraídos 41 frames, mas mesmo a melhor imagem da cena não forneceu elementos necessários para concluir o que foi falado, segundo o IGP.
“Não sendo possível identificar os movimentos realizados na porção interna da cavidade oral do jogador de camiseta branca, é tecnicamente inviável localizar todos os vestígios que definem a sequência de consoantes e vogais emitidas. A maior parte dos gestos que compõem a fala ocorrem justamente no ambiente intraoral ou em outras porções internas, como a faringe e a laringe”, diz nota divulgada pelo instituto e publicada pelo site “ge”.
“Sobre o pedido de exame pericial de leitura labial, ressalta-se que não foi encontrada metodologia científica, aplicada à análise forense de vídeos, que sustente esse tipo de trabalho. Existem apenas publicações sobre percepção visual da fala e aprendizagem de leitura labial. Além disso, o registro enviado não possui o som das falas que interessavam à investigação, tornando impossível a perícia de áudio. Por essas razões, é impróprio que a perícia criminal oficial do Estado afirme, com responsabilidade do ponto de vista processual e científico, o que foi proferido pelo jogador na cena questionada”, prossegue o texto.
Nas últimas semanas, tanto o meio-campista do Internacional quanto o lateral do Corinthians prestaram depoimento ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e reafirmaram suas versões. Edenílson reiterou que foi ofendido por xingamento racista, enquanto Rafael Ramos afirmou que não cometeu a injúria.
A perícia do IGP foi solicitada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, responsável pelo caso. A conclusão do inquérito deve sair nas próximas semanas.
O Corinthians, por sua vez, havia contratado outras duas perícias para investigar o caso. Ambas concluíram que o jogador português não proferiu o xingamento racista.
Relembre o caso:
O episódio aconteceu no último dia 14, durante o empate em 2 a 2 entre Corinthians e Internacional no estádio Beira-Rio. A suposta injúria racial teria acontecido aos 30 minutos da segunda etapa, quando os dois jogadores se desentenderam na lateral do campo.
Após a confusão, Edenílson correu na direção do árbitro Braulio da Silva Machado e relatou ter sido chamado de “macaco” por Ramos.
O atleta corintiano chegou a ser preso em flagrante por injúria racial, mas foi liberado após pagamento de fiança de 10 mil reais. Depois de prestar queixa à Polícia Civil, Edenílson se pronunciou em seu perfil oficial em uma rede social. Ele afirmou ter certeza do que ouviu e disse que procurou Rafael Ramos ainda em campo para que o português admitisse o que falou.
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