Naquele dezembro de 2018, porém, o ministro não pensava assim. Diálogos colhidos a partir do escândalo que ficou conhecido como Vaza Jato mostram como a Procuradoria-geral da República e o então procurador Deltan Dallagnol reagiram àquele dia e revelam que Toffoli, segundo relato da procuradora Luana Vargas, que integrava o grupo de trabalho da Lava-Jato, havia “pedido pressa” da PGR para recorrer da decisão de Mello. Na noite do mesmo dia 19 de dezembro, Dias Toffoli suspendeu a liminar e afirmou que a decisão de soltura dos condenados em segunda instância colocava em risco a ordem pública.
VEJA teve acesso a um diálogo entre Luana Vargas e Deltan Dallagnol horas antes de a decisão de Marco Aurélio ter sido revertida por Toffoli. Na conversa, Vargas relata ter elaborado dois recursos para a PGR da época, Raquel Dodge: um para Toffoli, que pelo cargo de presidente tinha poderes para analisar um pedido de suspensão de liminar, e outro diretamente ao relator do petrolão na Corte, Edson Fachin, solicitando especificamente que Lula não fosse beneficiado. Na conversa, a procuradora resume: “Toffoli pediu pressa para nós”.
Aqui trechos da conversa da forma como foram escritos pelos interlocutores:
- 19 DEC 18
- 15:49:16 Luana Vargas to correndo com uma suspensão de segurança e um pedido para fachin deixar de aplicar a decisao de MA ao lula
- 15:50:20 pode ser qq sub?
- 15:50:25 a claudia é mto boa
(…)
- 15:57:28 Deltan não, tem que ser da LJ, valeu
- 17:14:51 Luana Vargas Mandei duas petições para pgr
- 17:14:51 Uma suspensão de liminar
- 17:14:51 Toffoli
- 17:14:51 E uma pro fachin pedindo que não aplique a lula
- 17:42:39 Deltan boa Lu
- 17:42:41 top demais
- 17:42:58 parece que Toffoli vai reverter
- 17:43:04 as 2 foram protocoladas ou só pro toffoli
- 17:43:05 ?
- 17:48:06 Luana Vargas Acho que ela só assinou Toffoli até agora
- 17:48:13 Toffoli pediu pressa para nós
- 17:59:51 Deltan boa
- 18:04:16 Luana Vargas Já ajuizamos a as
- 18:04:32 suspensão de liminar
A Procuradoria-geral da República, em nome de Luana Vargas, informou que “o Ministério Público Federal não se manifesta acerca de mensagens que não têm autenticidade ou integridade comprovadas e que são produto de crime”. Dias Toffoli não se manifestou.
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