Pomar criticou a recusa do diretório de incluir na resolução uma emenda dizendo o seguinte: “Não se poderá falar em democracia plena no Brasil, enquanto persistir a tutela militar. O Diretório Nacional do PT decide convocar uma conferência nacional para debater a política de Defesa Nacional e o papel das Forças Armadas”.
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O documento, intitulado “Brasil do Presente e do Futuro: No Rumo Certo”, também dedicou espaço para atacar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Ao fim do encontro, não se falou no debate sobre os militares. Abortou-se a ideia de convocar uma Conferência de Defesa e Forças Armadas, demanda reivindicada por acadêmicos “progressistas” e por militantes.
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“Perdemos a oportunidade de ‘discutir melhor’ a questão militar no debate sobre o programa de reconstrução e transformação”, afirmou Pomar, em seu blog. “O mesmo ocorreu no governo de transição. Esta atitude contribuiu para sermos surpreendidos pelo 8 de janeiro.”
Histórico do PT contra as Forças Armadas
Em 2016, o Diretório Nacional do PT aprovou a chamada Resolução sobre Conjuntura — um documento que se propôs a revisar as ações da legenda naquele ano, especialmente em razão do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Na época, a avaliação do PT era de que o partido errou ao não ter aprofundado suas políticas mais à esquerda. As lideranças petistas acreditavam que deveriam ter aumentado a influência do Estado sobre instituições como a Polícia Federal, o Ministério Público e as Forças Armadas. No documento, a sigla revela o objetivo de alterar o currículo das academias militares e de promover oficiais “com compromisso democrático e nacionalista”.

O “mea-culpa” petista não foi bem recebido pela caserna. “Eles queriam que os militares tivessem ido às ruas para defender o governo?”, perguntou o general Gilberto Pimentel, ex-presidente do Clube Militar, na época do impeachment de Dilma. “As Forças Armadas são uma instituição de Estado. O erro deles, entre outros, foi ter tentado nivelar o Brasil a governos populistas, como o da Venezuela.”
Em setembro do ano passado, o ex-chanceler e ex-ministro da Defesa Celso Amorim endossou as ideias de Genoino. E foi além: disse que o PT tem o objetivo de criar uma Guarda Nacional e “despolitizar” as Forças Armadas. A iniciativa é similar à adotada pelo por Chávez na Venezuela, que tirou do Exército a responsabilidade de atuar em crises relacionadas à segurança pública.
Segundo o general Rocha Paiva, as tentativas do PT de “bolivarianizar” as Forças Armadas serão rechaçadas pela caserna. “O partido não conseguirá cooptar o Exército, a Marinha e a Aeronáutica”, afirmou. “Mas será um jogo de poder. Os petistas também vão enfrentar dificuldades no ambiente político.”
O general Paulo Chagas segue na mesma linha e acredita que as Forças Armadas vão impedir os avanços petistas. “Os oficiais não aceitarão mudanças na promoção de generais nem aprovarão alterações no currículo das academias militares”, ressaltou. “Segundo os critérios internacionais, as Forças Armadas do Brasil estão entre as dez mais importantes do mundo. Nossa formação é profissional. As ideias do PT não vão prosperar. Lula pode ser bandido, mas não é burro. É melhor não mexer nesse vespeiro.”
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