O que significa a demissão dos chefes de jornalismo da Globo em BH e Recife?
A Globo anunciou nesta terça-feira (4) a demissão de dois diretores de jornalismo das suas filiais em Belo Horizonte (MG) e Recife (PE): Marcelo Moreira e Jô Mazzarolo. A decisão faz parte de um processo de reestruturação da empresa, que busca reduzir custos e se adaptar ao cenário econômico do país e do mercado de comunicação.
Mas o que está por trás dessas mudanças? Quais são os impactos para o jornalismo da Globo nas duas praças? E como fica a relação da emissora com o público mineiro e pernambucano?
Marcelo Moreira e Jô Mazzarolo tinham perfis diferentes de gestão, mas ambos enfrentavam desafios e críticas em suas respectivas áreas. Moreira era considerado um profissional inovador e criativo, que conseguiu revitalizar o RJ1 quando era editor-chefe do telejornal carioca, apostando em uma linguagem mais informal e próxima do telespectador. Em 2019, ele foi transferido para Belo Horizonte, onde assumiu a direção de jornalismo da Globo Minas.
No entanto, Moreira não conseguiu repetir o mesmo sucesso na capital mineira, onde enfrentou dificuldades para lidar com a concorrência da Record TV Minas, que tem investido em reportagens investigativas e denúncias. Além disso, Moreira também teve problemas internos com alguns jornalistas da emissora, que reclamavam de sua postura autoritária e centralizadora.
Já Jô Mazzarolo era a diretora de jornalismo mais antiga no cargo na Globo. Ela estava à frente da filial nordestina desde 2000, quando substituiu Armando Nogueira (1927-2010). Jô era vista como uma profissional experiente e competente, que tinha um bom relacionamento com os funcionários e com as fontes locais. Ela também era responsável por coordenar a produção de programas regionais, como o Globo Nordeste e o Nordeste Viver e Preservar.
Por outro lado, Jô também era criticada por seu modelo antigo de comando, que privilegiava os profissionais mais antigos da casa e não abria espaço para novos talentos. Ela também era acusada de oferecer baixos salários para os apresentadores dos telejornais locais, o que gerou uma alta rotatividade de âncoras no NE1, o noticiário do meio-dia. Além disso, Jô também enfrentava a pressão da audiência, que vinha caindo nos últimos anos diante da concorrência do SBT Nordeste.
A demissão dos dois diretores de jornalismo faz parte de um movimento maior da Globo, que vem cortando custos e demitindo profissionais com altos salários em todo o país. A emissora alega que precisa se adequar à realidade econômica do Brasil e aos novos hábitos de consumo de informação do público. A Globo também diz que está passando por uma transformação nos últimos anos, buscando se tornar uma empresa mais ágil e integrada.
No entanto, as mudanças também podem ter consequências negativas para o jornalismo da Globo nas duas praças. A saída dos diretores pode gerar um clima de instabilidade e insegurança entre os funcionários, que não sabem quem serão seus novos gestores e quais serão as novas diretrizes editoriais. Além disso, a demissão dos chefes pode afetar a credibilidade e a identidade da emissora junto ao público mineiro e pernambucano, que pode se sentir menos representado e atendido pelos telejornais locais.
Por isso, a Globo terá que escolher com cuidado os substitutos de Marcelo Moreira e Jô Mazzarolo, levando em conta não só a competência técnica, mas também, experiência.
As ideias de Moreira deram certo e ele ganhou mais prestígio. Em 2019, virou diretor de Jornalismo em Minas e promoveu uma reformulação nos telejornais locais.
Além de Jô e Moreira, a Globo demitiu Marcelo Canellas, Eduardo Tchao, Flávia Januzzi, Monica Sanches e Luciana Osório. Foram cortados ainda Elza Gimenes, Alba Mendonça e Arthur Guimarães, figuras importantes que trabalhavam nos bastidores. Novas demissões devem acontecer nos próximos dias em São Paulo e Brasília. O clima é de tensão nos bastidores.
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