Rotina de cuidados na infância também são formas de estimular o desenvolvimento infantil, segundo especialistas

Os estímulos na primeira infância são formas de desenvolvimento infantil, pois é uma maneira de perceber se as crianças apresentam algum tipo de atraso ou doenças enquanto se desenvolvem. Mas, além das brincadeiras, passeios, contato com natureza, animais, familiares e amigos, o que também faz parte dessa rotina são os cuidados que os pais e responsáveis devem ter com a criança nos primeiros anos de vida.  

A pediatra Luciana Mota explica que na primeira fase, que compreende até os seis anos de idade, o estímulo para o desenvolvimento infantil é de extrema importância. “Esse é um período crucial pro desenvolvimento, até porque é o período em que ocorre o desenvolvimento das estruturas e das sinapses cerebrais, dos circuitos do cérebro. Assim como é o período em que ocorre a maior aquisição de capacidades que são fundamentais para criança adquirir e ir aprimorando ao longo dos anos habilidades futuras mais complexas”, afirma.

Segundo a especialista, existem estudos científicos que comprovam que é na primeira infância, em especial até os dois anos de vida, o período em que ocorre a maior velocidade de desenvolvimento do cérebro. “O cérebro cresce até dois anos de vida, o peso correspondente a 70% do cérebro de um adulto. Então, é a fase em que esses primeiros mil dias de vida que a gente tanto se ouve falar, que a criança é mais sensível aos cuidados e aos estímulos ambientais aos quais ela está submetida, que a gente chama de ‘janela de oportunidade do cérebro’, porque é nessa fase em que ocorre o maior capacidade desse cérebro aprender e desenvolver habilidades”, destaca.

A médica ressalta que existem atividades que são importantes para o desenvolvimento infantil, porém, depende da criança e da idade de cada uma delas. “As atividades que ajudam no desenvolvimento infantil são individualizadas e peculiares para cada faixa etária. Então, por exemplo, uma criança de dois meses de vida tem necessidades de estímulos e de atividades diferentes por exemplo, de uma criança de nove meses.

Luciana enfatiza que além das habituais atividades que podem estimular o desenvolvimento infantil, é necessário que os pais e responsáveis demonstrem os seus sentimentos para as crianças. “Para o desenvolvimento infantil é crucial a presença, o amor, a atenção dos cuidadores para essa criança. Eu sempre falo no consultório que esse fator é mais importante e mais essencial do que qualquer brinquedo comprado em loja. Outra dica importante é essa criança estar o contato o tempo todo com a natureza. Pé na areia, pé na grama, contato com animais, e o uso telas zero até dois anos de idade”, comenta.

De acordo com a pediatra, é possível perceber por meio de atividades se a criança não está se desenvolvendo da maneira correta, ou seja, apresentando atraso ao se desenvolver. “Com algumas patologias, sim, é possível perceber. Nós da área pediatria do desenvolvimento infantil, é nosso dever fazer o acompanhamento mensal das crianças em consultório, avaliar os marcos do desenvolvimento, testar atividades de desenvolvimento no consultório, e através do nosso olhar apurado, a gente ter a capacidade de detectar precocemente que a criança está apresentando um atraso no desenvolvimento”, reforça.

Luciana detalha que existem crianças que merecem atenção especial, como, por exemplo, àquelas que a família possui histórico de patologias, além de enfatizar a importância do diagnóstico precoce, realizado por profissionais de maneira conjunta. “Essa detecção precoce é fundamental para gente identificar como profissionais e iniciar a intervenção precoce com a equipe multidisciplinar, por isso eu trabalho em conjunto com uma equipe multidisciplinar. A atenção especial para as crianças que a gente considera que tem fatores de risco para atraso no desenvolvimento, e nós incluímos crianças prematuras, crianças que sofreram alguma anóxia neonatal, bebês que internados por muito tempo em UTI neonatal, bebês nascidos de família que tem casos de autismo na família, déficit de atenção e hiperatividade, Síndrome de Down. Então, esses são bebês que consideramos de risco para que nós tenhamos um olhar atento a detecção precoce de um possível atraso de desenvolvimento”, enfatiza a médica.

Os cuidados iniciais que os pais devem ter com as crianças na primeira infância são maneiras de estímulo de desenvolvimento infantil, de acordo com a médica. “As principais formas que estimulam o desenvolvimento infantil estão inseridas dentro da rotina de cuidados desse bebê. Estamos falando, em especial, dos bebezinhos até dois, três anos, que tem um maior nível dos nossos cuidados. Então, eu digo que a estimulação de um bebê ocorre desde o horário que a criança acorda. Nós podemos estimular a criança, por exemplo, dando uma refeição pra ela, dando um banho nessa criança, colocando ela pra pegar um solzinho, até na hora antes do sono estabelecendo uma rotina de sono como pegando um livrinho para essa criança ler, na hora do banho estimulando essa criança, tocando, fazendo contato visual”, detalha.

“Se a criança não tem suspeita de atraso no desenvolvimento, é importante o pediatra do desenvolvimento. A cada mês que essa criança vai, a gente orienta essa família a formas de estimulação, essa família coloca em prática e nos próximos atendimentos a gente como eu digo pros meus pacientes a gente cobra o ‘dever de casa da família’. Agora, se eu já detectei no consultório que essa criança tem um atraso no desenvolvimento, detectei precocemente, eu, automaticamente, já encaminho para a equipe multidisciplinar que eu trabalho para que ela inicie a estimulação precoce desta criança e essa criança retorna comigo no consultório para eu ir fazendo acompanhamento do desenvolvimento dela”,