Sem segredo: o combate da Rússia e da Coreia do …

Por Andrew Osborn

MOSCOU (Reuters) – Tropas russas e norte-coreanas sorridentes segurando as bandeiras dos dois países enquanto comemoram a vitória sobre as forças ucranianas na região russa de Kursk, e uma pintura das tropas de Pyongyang envolvidas em um tiroteio contra as forças ucranianas.

O que é anunciado como a maior exposição de arte norte-coreana realizada fora do Estado recluso é o mais recente sinal de estreitamento dos laços entre Moscou e Pyongyang — e evidência de seu abraço geopolítico cada vez mais estreito em face do que eles dizem ser um Ocidente hostil.

Isso também marca uma reviravolta nas relações públicas. Durante meses, a Rússia e a Coreia do Norte tentaram manter em segredo o papel desempenhado pelos soldados de Pyongyang ao ajudar Moscou a expulsar os ucranianos de Kursk, no oeste da Rússia. Agora, o assunto é motivo de orgulho mútuo e público.

‘Eu me curvo diante da conquista de nossos irmãos norte-coreanos na libertação do solo de Kursk’, escreveu Alexander, um dos visitantes, no livro de comentários da exposição em Moscou.

A ofensiva, a maior incursão estrangeira em território russo desde a Segunda Guerra Mundial, viu as forças ucranianas romperem a fronteira russa em 6 de agosto do ano passado, pegando Moscou desprevenida.

Em seu auge, as forças ucranianas reivindicaram cerca de 1.400 km² de Kursk em uma operação que, segundo Kiev, foi projetada para aliviar a pressão sobre suas próprias forças no leste da Ucrânia.

O presidente russo, Vladimir Putin, telefonou para seus comandantes, que elogiaram os norte-coreanos por lutarem com eles ‘ombro a ombro’, em abril, para parabenizá-los por expulsar os ucranianos.

O envio de tropas norte-coreanas — reconhecido pela primeira vez no mesmo mês — e o fluxo de armas norte-coreanas deram à Rússia uma vantagem crucial no campo de batalha, de acordo com uma investigação da Reuters.

Isso teve um alto custo. A inteligência militar britânica estima que a força da Coreia do Norte, composta por cerca de 14.000 homens, sofreu mais de 6.000 baixas.

REALISMO SOCIALISTA

Uma fotografia gigante de Putin e Kim Jong Un, da Coreia do Norte, apertando as mãos, aparece em destaque no início da exposição — ‘Exposição de Arte da RPDC. Um país de um Grande Povo’, que ocupa parte do Museu de Artes Decorativas da Rússia, no centro de Moscou.

A exposição exibe mais de 100 pinturas e outras obras de arte, muitas das quais lembram o realismo socialista soviético.

Famílias felizes são mostradas olhando para blocos de apartamentos em estilo soviético descritos como ‘moradias de luxo’, mísseis são mostrados explodindo e trabalhadores rurais sorridentes são mostrados colhendo a safra.

Outras pinturas retratam cenas de batalha da guerra da Coreia de 1950-53, refletindo a narrativa preferida de Pyongyang.

Uma, por exemplo, intitulada “As feras americanas sedentas de sangue”, mostra um soldado norte-americano brandindo um machado sobre uma estudante norte-coreana com a blusa ensanguentada.

PARCERIA ESTRATÉGICA

Putin e Kim selaram um tratado de parceria estratégica no ano passado, que incluía um pacto de defesa mútua, e Kim, que chama Putin de ‘seu mais querido camarada’, prometeu que seu país — um tradicional inimigo dos EUA — sempre estará ao lado de Moscou.

Os EUA e a Coreia do Sul acusam a Coreia do Norte de enviar armas à Rússia para serem usadas em sua guerra contra a Ucrânia. Moscou e Pyongyang negaram a transferência de armas, mas estão mais dispostos a falar sobre outros aspectos de seu relacionamento crescente.

Os voos diretos entre Moscou e Pyongyang foram retomados neste verão pela primeira vez desde meados da década de 1990, assim como uma rota direta de trem, que, com mais de 10.000 km, a Rússia diz ser a mais longa viagem ferroviária direta do mundo.

Alguns turistas russos agora também estão optando por passar férias na Coreia do Norte como parte de grupos de excursão organizados e altamente controlados, com agências de turismo promovendo um novo resort de praia – Wonsan Kalma, às margens do Mar do Japão – como digno de ser visitado.

Olga, uma visitante da exposição de arte, disse que ela mudou sua visão da Coreia do Norte, que, segundo ela, era baseada em reportagens e clichês, e abriu uma rara janela para a maneira como as pessoas vivem lá.

‘Na minha opinião, qualquer país que se posicione e defenda seus interesses é digno de respeito’, disse ela.

Perto dali, uma tela de vídeo transmitia imagens de propaganda de arquivo enquanto um diplomata norte-coreano, vestido com um terno preto, observava atentamente as pinturas.

[Antena 1]

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