Um momento brilhante — quase mágico — na carreira do grupo norueguês a-ha pode ser a escolha ideal para revisitar neste fim de semana. Em uma trajetória que já ultrapassa quatro décadas, marcada por clássicos que atravessaram gerações e por uma surpreendente capacidade de se manter relevante em meio às transformações da música pop, o trio formado por Morten Harket, Magne Furuholmen e Paul Waaktaar-Savoy encontrou em a-ha — True North a síntese perfeita entre passado, presente e futuro.
Longe de se apoiar apenas na nostalgia de hits como Take On Me ou Hunting High and Low, o a-ha mostrou com este projeto que ainda tem muito a dizer — e que sabe como fazer isso de forma sofisticada. Gravado no extremo norte da Noruega, em Bodø, a poucos quilômetros do Círculo Polar Ártico, o filme-concerto True North transforma o ato de tocar música em uma experiência sensorial e cinematográfica. Acompanhado pela Arctic Philharmonic Orchestra e com a natureza como palco, o registro é ao mesmo tempo espetáculo, manifesto e reflexão.
É como se o grupo, acostumado a grandes arenas e festivais, tivesse decidido fazer uma pausa para enviar ao mundo uma carta de amor às suas raízes e ao meio ambiente, convertendo canções em mensagens universais. O resultado é uma obra que toca pela beleza visual, pela força das interpretações e pelo simbolismo de uma banda que, em vez de se repetir, escolheu se reinventar de forma ousada e emocionante. Veja o trailer.
O projeto
O filme é um documentário-concerto que acompanha a gravação do álbum True North, lançado em 2022. Mais do que um making of, a produção é uma experiência audiovisual completa: 12 faixas gravadas ao vivo.
Dirigido por Stian Andersen, o longa mescla registros musicais, depoimentos dos integrantes — Morten Harket, Magne Furuholmen e Paul Waaktaar-Savoy — e imagens cinematográficas da natureza norueguesa. A intenção, segundo o tecladista Magne, era clara: “uma carta da nossa casa para o mundo, um poema vindo do remoto norte da Noruega”.
O álbum
Quando completaram quatro décadas de carreira, os integrantes do a-ha decidiram que a comemoração não poderia ser apenas mais um disco de estúdio. A escolha foi simbólica: gravar um álbum no extremo norte da Noruega, em Bodø, região cercada por fiordes e montanhas, a poucos quilômetros do Círculo Polar Ártico. Foi nesse cenário que nasceu True North, o 11º trabalho da banda, pensado como uma espécie de carta musical à sua terra natal.
Ao longo de três semanas, Morten Harket, Magne Furuholmen e Paul Waaktaar-Savoy se reuniram em estúdio acompanhados da Arctic Philharmonic Orchestra. A presença da orquestra não foi mero adorno: ela deu corpo ao conceito do álbum, que combina canções pop com arranjos sinfônicos e uma atmosfera cinematográfica. O resultado é um disco que alterna entre momentos de contemplação e passagens de energia contagiante, como se refletisse o contraste natural entre o silêncio das paisagens nórdicas e a intensidade das emoções humanas.
O repertório, dividido entre composições de Waaktaar-Savoy e Furuholmen, percorre diferentes climas. Canções como I’m In soam como um convite intimista, quase uma conversa de apoio em meio a tempos difíceis, enquanto Hunter in the Hills abre espaço para um refrão expansivo, apoiado por metais e sopros da orquestra. Há espaço também para o lirismo em Bluest of Blue, para a dramaticidade na faixa-título True North e para a ousadia rítmica em Make Me Understand, que traz ecos da música eletrônica dançante.
Mais do que um conjunto de canções, True North transmite a sensação de ritual. O disco foi pensado como registro de um momento: o a-ha refletindo sobre sua própria história e, ao mesmo tempo, dialogando com a natureza ao redor. É como se cada acorde carregasse o peso das quatro décadas de estrada, mas também o frescor de um grupo que ainda busca novas formas de expressão.
O álbum foi recebido como um gesto de maturidade e também como declaração de identidade. True North não revisita apenas o passado, mas aponta para um futuro em que o a-ha se permite ser mais orgânico, mais contemplativo e, sobretudo, mais conectado às raízes norueguesas. Assista ao clipe da faixa título True North.
O filme
Se o álbum True North já nasceu com um propósito especial, sua versão audiovisual elevou essa proposta a um patamar ainda mais ambicioso. O filme-documentário que acompanha o disco foi pensado desde o início não como um registro técnico de estúdio, mas como uma obra artística autônoma, capaz de traduzir em imagens e sons a essência do projeto.
A escolha do local não foi apenas estética: filmar naquela região significava conectar a música à natureza, às paisagens dramáticas e ao clima extremo que moldaram a identidade norueguesa do trio.
Sob a direção do fotógrafo e cineasta Stian Andersen, o filme intercala performances musicais, bastidores e depoimentos pessoais dos integrantes — Morten Harket, Magne Furuholmen e Paul Waaktaar-Savoy. Mais do que entrevistas formais, são reflexões íntimas sobre o tempo, a criatividade, a amizade e o percurso de 40 anos de carreira.
As imagens da natureza ártica funcionam como um quarto personagem principal ao lado do trio: montanhas cobertas de neve, o mar em constante movimento, o céu mudando de cor de acordo com a luz polar. Tudo é filmado de maneira a reforçar a ideia de que a música é inseparável do ambiente que a inspira.
Segundo Magne Furuholmen, o projeto deveria ser entendido como “uma carta da nossa casa para o mundo”. Essa frase resume a atmosfera de todo o longa: cada acorde, cada tomada, cada silêncio é carregado de simbolismo, como se o a-ha quisesse compartilhar com o público internacional não apenas suas canções, mas um pedaço de sua terra natal.
a-ha — True North é uma experiência audiovisual completa. É concerto, documentário e cinema de paisagem ao mesmo tempo, oferecendo ao espectador não apenas a chance de ouvir o a-ha em sua fase mais madura, mas também de embarcar em uma viagem sensorial pelo coração gelado e poético da Noruega.
Repercussão
A recepção foi calorosa. Críticos destacaram a fotografia impressionante, que transforma montanhas, mares e florestas em extensão das canções, e a atmosfera emotiva das interpretações. Para o público, o filme serviu como um lembrete da força de uma banda muitas vezes lembrada apenas pelos hits dos anos 80, mas que segue produzindo trabalhos relevantes e ousados.
A produção foi descrita como um dos projetos mais maduros do grupo, equilibrando nostalgia e contemporaneidade, em uma combinação que extrapola a esfera pop.
Onde assistir
Exibido em salas de cinema, o filme ganhou distribuição em streaming e hoje pode ser assistido em plataformas como Amazon Prime Video, Apple TV e TubiTV. Com cerca de 72 minutos de duração, o material se posiciona entre concerto e documentário, unindo a estética pop da banda a uma reflexão mais ampla sobre identidade, natureza e pertencimento.
A inspiração veio após o grupo observar o trabalho de Bruce Springsteen em Western Stars, que uniu música e cinema em um projeto híbrido. O a-ha seguiu o mesmo caminho, mas acrescentou o componente geográfico e ambiental, reforçando suas raízes e levando a Noruega para o centro do palco.
Uma obra que revela sensibilidade e maturidade musical, muito além do entretenimento
Em a-ha — True North, o trio surpreende ao abraçar plenamente a maturidade conquistada ao longo de quatro décadas, transformando sua música em algo que vai muito além do entretenimento juvenil que os consagrou nos anos 80. O filme mostra uma banda em evolução, que olha para o passado com respeito, mas se projeta para o futuro com coragem artística.
Para os fãs de longa data, trata-se de um presente carregado de emoção e nostalgia. Para os novos ouvintes, é uma porta de entrada para descobrir uma das bandas mais criativas e visionárias surgidas naquela década. Prepare a pipoca, reúna a família e mergulhe em uma experiência onde música, arte e natureza convergem em imagens deslumbrantes e interpretações que reafirmam o lugar do a-ha como referência atemporal da música pop mundial. Assista abaixo ao filme completo.
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