[Editado por: Marcelo Negreiros]
Porque há dois obstáculos centrais. O primeiro é o ambiente externo, estranho às decisões de política econômica doméstica. O segundo, a política fiscal, que está nas mãos do Poder Executivo, mas é influenciada pelas decisões de todos os Poderes, na esteira de um Poder Legislativo esbanjador e cuja síndrome de “ser governo” só aumenta, registre-se.
Os gatilhos de um cenário externo adverso residem em duas frentes, hoje: nos Estados Unidos, mais precisamente no Federal Reserve, o Banco Central americano; e no Oriente Médio. No primeiro caso, quanto mais a economia daquele país mostra-se resiliente, maior a insegurança da autoridade monetária para promover reduções nas suas taxas de juros.
Resultado? Nós, brasileiros, acabamos sofrendo com isso. Se o nosso Banco Central observa que os juros lá fora ficarão elevados por mais tempo, a Selic também acaba sendo influenciada. Fica mais difícil reduzir os juros por aqui, dada a ligação umbilical entre o diferencial de juros internos e externos e a taxa de câmbio (o preço do dólar medido em reais).
É que a redução muito intensa dos juros estimula a saída relativa de dólares, pressionando a taxa de câmbio. O dólar mais caro eleva os preços dos produtos importados e dos componentes comprados pelas empresas domésticas para produzir e vender. Ao fim e ao cabo, mais inflação para todos.
Assim, um espirro, lá fora, nos afeta diretamente aqui dentro, no sentido de que o desempenho da economia norte-americana interfere nos contornos da política monetária brasileira. Os juros mais altos, por mais tempo, para evitar um dólar caro e seu efeito inflacionário, freiam a economia. Riscos a serem acompanhados e que aumentaram depois das últimas divulgações de dados econômicos nos EUA.
Na outra frente, ainda no campo de riscos externos, a intensificação do conflito no Oriente Médio pode levar à redução da oferta de petróleo, um insumo essencial à produção. Os fluxos de capitais, em contexto de maior risco, migrariam para os destinos mais seguros, o chamado “flight to quality” ( ou “voo para a qualidade”), saindo dos países emergentes, como o Brasil, e pressionando a taxa de câmbio.
Leia Também: Banco Central confirma vazamento de 3 mil chaves Pix – Estado de Minas (mnegreiros.com)
[Redação]
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