Data é comemorada desde 2009 e marca nascimento do compositor

O ano era 2005. Na ocasião, a revista cultural Viva Música propôs a criação de um dia em homenagem à música clássica no Brasil. De acordo com a editora da publicação, Heloisa Fischer, tudo começou com uma constatação: ao contrário de outros gêneros, a música clássica não tinha um dia nacional de celebração.
“A ideia de propor esse dia nasceu de uma constatação nossa lá do Viva Música. Meu sócio, Luiz Alfredo Morais, que me chamou atenção. Ele disse: ‘Por que não tem o dia da música clássica?’ e eu falei: ‘Eu acho que não tem, porque o pessoal ainda não pensou nisso, vamos propor então.’ E foi assim que nasceu a ideia”, relata.
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Para decidir qual seria a melhor data, foi lançada uma consulta a profissionais do setor. Com o apoio de veículos como a MEC FM e a rádio Cultura FM, a consulta se expandiu a amantes do gênero. Com quase metade dos 7 mil votos totais, a data do nascimento do compositor Heitor Villa-Lobos (5 de março) foi a escolhida. A data foi incluída no calendário da cidade do Rio de Janeiro, no estado do Rio de Janeiro e, em 2009, um decreto do governo federal instituía a data nacionalmente. 

Villa-Lobos em Paris, na apresentação de ‘Descobrimento do Brasil’, com a Orquestra Nacional e o Coro da Radiodifusão Francesa. Imagem de 28 de fevereiro de 1952. – Foto cedida pelo Museu Villa-Lobos/Arquivo


Desde então, o dia 5 de março é o Dia Nacional da Música Clássica. Para Heloisa, a data ajuda na divulgação do gênero e é uma justa homenagem a Villa-Lobos. “O dia ajuda a promover a música clássica e aumenta a visibilidade nos meios de comunicação.  A homenagem é justa. Villa-Lobos é o grande nome da música clássica no Brasil e um dos maiores nomes das Américas. É um gigante e representa muito bem o Brasil”, diz. Confira a programação especial veiculada na Rádio MEC para marcar o dia.


A opinião de Heloísa é endossada por nomes de peso da música erudita nacional. Presidente da Academia Brasileira de Música (instituição que, por sinal, foi fundada por Villa-Lobos) e diretor da Sala Cecília Meirelles, o maestro João Guilherme Ripper destaca a importância de uma data para celebrar a música clássica brasileira e Villa-Lobos. “Villa-Lobos sintetiza a musicalidade brasileira. A obra sintetiza as vertentes europeia, africana, indígena. Isso tudo encontrou nele um gênio que colocou na pauta de uma forma realmente maravilhosa essa música que tanto nos representa”, afirma.


Ripper lembra que a influência de Villa-Lobos, que também era um “chorão” (músico de chorinho), também se estendeu à música popular do Brasil. “Ele encontrou um contraponto do violão no choro e a música de bar. A harmonia tem consequências na música popular. Quanto de Villa-Lobos nós encontramos em Tom Jobim?”, diz.

Confira o depoimento, em vídeo, de João Guilherme Ripper:

Para além de Villa-Lobos, dez clássicos da música clássica

Embora o Dia Nacional da Música Clássica homenageie o nascimento de Heitor Villa-Lobos, engana-se quem pensa que o gênero se limita ao compositor. A prova disso está em uma playlist de “clássicos da música clássica brasileira”, selecionada pela Rádio MEC. Na lista, há composições do século 19 até músicas contemporâneas. 

As obras estão em ordem cronológica. Confira:

1) Te Deum – Padre José Maurício Nunes Garcia


2) Ópera O Guarani – Carlos Gomes

3) Obras para piano – Glauco Velasquez

4) Série Brasileira – Alberto Nepomuceno

5) Bachianas Brasileiras – Heitor Villa-Lobos

6) Choros – Heitor Villa-Lobos

7) Obra para violão – Heitor Villa-Lobos


8) Maracatu do Chico Rei – Francisco Mignone

9) Piedade – João Guilherme Ripper

10) Scherzo da Sinfonia nº1 em Sol Menor – Henrique Machado


Postado em Agência Brasil, editado por blogdonegreiros1.com

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