Espiã russa se fantasiou de socialite e enganou a Otan por 10 anos

Maria Adela Kuhfeldt Rivera, uma famosa designer de joias que viveu na Europa por dez anos, não é, na verdade, uma designer de joias. Seu verdadeiro nome é outro, aliás: Olga Kolobova. Ela era uma espiã que trabalhava pela Rússia, segundo o site investigativo Bellingcat.

Olga morou em Roma, Malta e Paris. Depois, estabeleceu sua residência em Nápoles, na Itália. Ela era conhecida o suficiente para participar das festas de alto padrão da cidade, incluindo saraus e bailes que recebiam diplomatas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

A espiã falava inglês e italiano fluentemente. Segundo um oficial da Otan, cujo nome não foi revelado pelo Bellingcat, os dois tiveram um breve romance.

Olga dizia aos amigos que havia sido abandonada pela mãe e que havia sido criada por uma família abusiva. Na verdade, a falsa designer de joias era filha de um coronel do Exército da Rússia.

O marido da espiã, supostamente italiano, também não era italiano. Era equatoriano-russo. Ele morreu, de forma misteriosa, aos 30 anos de idade. O motivo? Pneumonia dupla (infecção no pulmão) e lúpus sistêmico (doença inflamatória crônica, de origem autoimune). A funcionária do Kremlin conheceu os diplomatas da Otan depois da morte de seu suposto marido.

“Ela era como uma afilhada, uma sobrinha”, disse Marcelle D’Argy Smith, ex-editora da revista Cosmopolitan, uma de suas amigas. “Foi perturbador descobrir isso. Ela era muito bonita, muito discreta. Tinha muitos amigos homens.”

A coronel Sheila Bryant, então inspetora-geral das Forças Navais dos Estados Unidos na Europa e na África, suspeitava da história de Olga. Por isso, determinou que os colegas limitassem o acesso a informações militares altamente confidenciais à falsa designer. Mas não funcionou.

De repente, em 2018, Olga partiu para Moscou. Seus amigos da Europa ficaram sem vê-la desde aquela época. Segundo o Bellingcat, a espiã russa pode ter sido descoberta por serviços de Inteligência estrangeiros.