Segundo o presidente, se as pesquisas de intenção fossem “verídicas”, ele mesmo não teria sido eleito em 2018.
“Até poucas semanas, as pesquisas davam diferença de 25 pontos do Lula em relação a mim. Agora, como eles têm que registrar no TSE as pesquisas, a diferença está bem pequena, quase na margem de erro”, afirmou Bolsonaro. Ele não disse a qual pesquisa se referia. A entrevista foi transmitida, ao vivo e na íntegra, pelas redes sociais do presidente.
Bolsonaro está no Norte Fluminense para uma visita ao Porto do Açu. A viagem sela a aproximação política do presidente com o clã Garotinho, que tem base na região. O mandatário é acompanhado pela deputada federal Clarissa Garotinho (PROS-RJ), que ajudou a organizar a parte política da agenda. Clarissa esteve com o presidente também em Itaboraí, em visita ao GasLub (ex-Comperj) da Petrobrás. No norte do Estado, Bolsonaro ainda se encontrou com os ex-governadores Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho e com o prefeito de Campos dos Goytacazes, Wladimir Garotinho (PSD), outro filho do casal.
Vice
Na entrevista, Bolsonaro disse ainda que vai esperar para a definição do nome do candidato a vice-presidente, em sua campanha à reeleição. Segundo Bolsonaro, a definição caberá a ele, como foi combinado com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e depende do andamento de propostas do Executivo no Congresso Nacional. O presidente citou especificamente a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que permitirá a redução de impostos federais sobre combustíveis.
“Vamos esperar um pouco mais. Temos algumas coisas para passar no parlamento ainda”, afirmou Bolsonaro.
Bolsonaro disse ainda que não haverá surpresas com o nome do candidato a vice-presidente. “Não será novidade para vocês, porque é do nosso meio”, afirmou.
Bolsonaro ainda respondeu sobre a decisão de não comparecer ao depoimento na Polícia Federal, na sexta-feira passada, 28. Segundo o presidente, a decisão seguiu orientação da Advocacia-Geral da União (AGU).“A decisão foi do advogado; é como um médico pra mim”, afirmou Bolsonaro. Ele acrescentou que a orientação foi esperar por uma decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). O recurso da AGU remetendo a questão ao plenário, porém, foi rejeitado por Alexandre de Moraes na própria sexta.
Orçamento secreto
Na mesma entrevista, Bolsonaro negou que tenha estimulado o orçamento secreto, esquema revelado pelo Estadão em maio. “Quando chegou a proposta, chamada RP9, do orçamento secreto, eu vetei. O Parlamento derrubou o veto. Depois, um partido questionou no Supremo (Tribunal Federal). O Supremo disse que está legal. Então, não tem nada de secreto. Que orçamento secreto é esse, que é publicado no Diário Oficial da União?”, afirmou o mandatário.
O presidente disse ainda que o governo federal não participa das decisões sobre a destinação das emendas tipo RP9, as chamadas emendas de relator.
“Quem dá a destinação para esse dinheiro é o relator do Orçamento, não sou eu. Apenas recebemos isso e viabilizamos a execução. Não tem nada nosso. A decisão é do relator do Orçamento, sempre um deputado ou senador”, completou o presidente. Na prática, como mostrou o Estadão, o pagamento desse tipo de emenda tem sido usado como moeda de troca por apoio em votações no Congresso.
Reportagem de Vinicius Neder Denise Luna e Bruno Villas Bôas para o Estadão Conteúdo